quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Alguém vai gostar de ti exatamente do jeito que tu és

Alguém vai gostar de ti exatamente do jeito que tu és.

Com os teus defeitos e qualidades. Um dia vai aparecer alguém que vai desejar estar contigo o tempo inteiro, que vai fazer de tudo para garantir que será um dos motivos para o teu sorriso na maior parte do tempo, mesmo que não esteja lá.
Alguém que vai cuidar de ti e fazer qualquer coisa para te proteger. Alguém que vai sentir frio na barriga antes de te encontrar, que vai ficar com os nervos à flor da pele quando demorares a responder a uma mensagem. Alguém que vai fazer questão de te levar e te buscar, que vai convidar-te para um jantar no meio da semana ou um café ao fim da tarde.

Alguém que fica feliz em fazer-te feliz, porque acima de tudo, tu és tudo o que esse alguém vai querer. Esse alguém vai descobrir os teus pontos fracos e conquistar-te por simplesmente existir. Alguém que vai chegar como quem não quer nada e num instante tornar-se tudo.
Alguém que, sem esforços, vai roubar o teu coração e dominar os teus sentidos. Vai fazer-te acreditar mesmo quando tu perderes as esperanças. Alguém que vai aparecer para te fazer acreditar no amor e te mostrar o que é sentir-se amado. Alguém que te vai fazer apaixonar cada dia mais e te provar que é possível manter a chama da paixão acesa. Alguém que te vai proporcionar o beijo mais viciante. Alguém que vai querer arrancar toda a tua roupa numa fração de segundos e deixar-te com a cabeça confusa, mas ao mesmo, vai dar-te todas as certezas que tu tanto procuras.

Alguém vai gostar de ti exatamente do jeito que tu és.

Alguém vai fazer-te perder o sono e todo o teu juízo. Alguém vai tornar-se a razão da tua insónia e da tua saudade. Alguém vai fazer-te acordar e dormir leve, e despertar o melhor que existe em ti.. Alguém que fica, quando todo mundo vai embora. Que reconheça os seus erros e saiba quando pedir desculpas. Que te faça sorrir na maior parte do tempo. Alguém que não vai querer soltar a tua mão.

Alguém vai gostar de ti exatamente do jeito que tu és.

Vai aprender a lidar com as diferenças e não te vai julgar. Alguém que te vai respeitar. Alguém que te vai fazer questionar o porquê de ter demorado tanto tempo para aparecer. Alguém que fale menos, e faça sempre mais.
Alguém que não se importe em ficar sábado à noite contigo em casa. Alguém que te vai fazer admitir que a felicidade, sim, ela existe. E que depois de conhecê-la, tu nunca mais vais abrir mão dela.
Não te preocupes, apenas espera o momento certo e não tenhas medo de arriscar quando achares que vale a pena. Tem em mente que o mundo é enorme, e que o universo está em constantes movimentos, que existem milhões de corações pulsantes no planeta Terra. Ou seja, tudo com calma se ajeita. É uma mistura de merecimento, destino e escolhas bem feitas.

E quando esse alguém chegar, tu vais compreender que o amor está na simplicidade. Não está na insignificância, na grosseria, ou na falta de interesse. O amor é recíproco, de graça e, ainda assim, tem um valor único.

E por isso, um dia, alguém vai entrar na tua vida por acaso e permanecer de propósito.



domingo, 6 de julho de 2014

Haverá sempre borboletas


O Miguel Esteves Cardoso, além dessa e doutras perguntas incómodas, escreveu uma vez um livro chamado O Amor é Fodido. Não é verdade. As memórias é que são.
O Amor é bonito, é bom de se viver, de se imaginar e, por vezes, até de lembrar. Tão bom que às vezes até deixa saudades. E essas é que moem. O amor são as borboletas na barriga, como todos sabemos. As saudades do amor também, só que em versão Benjamin Button. Em vez de ganharem asas e nos levarem a voar com elas, regridem novamente para larvas, ficando presas nos casulos, a definhar, à espera que o tempo ou a vida as apague. E enquanto isso não acontece, vamos esperando em vão que o tempo, por artes mágicas, nos faça o mesmo que fez às borboletas, nos faça caminhar para o futuro para lá reencontrar o passado, para na total inversão de termos, serem as memórias a criar a vida. E às tantas, nesta confusão toda, já não sabemos se temos saudades da vida que já foi ou daquela que tanto desejamos que estivesse para vir. Só sabemos que temos saudades.
E percebemos então que as saudades mais não são que o lento cortejo fúnebre das memórias que não nos largam, ou que não queremos deixar partir, essas memórias que ainda nos arrepiam pela boca do estômago acima, disparadas em alvo ao coração.
Mas haverá um dia em que finalmente se torna claro que, pelo menos por agora, daqueles casulos não voltarão a nascer borboletas. Só a memória delas ainda persiste em nós. É então chegada a hora de nos despedirmos delas. De lhes fazer um funeral decente, para separar as memórias das saudades.
E aí compreendemos que a saudade foi apenas o fogo brando em que devagarinho fomos dissolvendo as memórias, como se fossem sendo lentamente cremadas em banho-maria. Por isso às vezes demora tanto tempo.
(...)
Não sei qual é a resposta  à pergunta que fizeste. Nem como nem quando. Nem sequer sei se haverá uma resposta certa para isso. Mas uma coisa te sei dizer.
Haverá sempre borboletas...

terça-feira, 15 de abril de 2014

E por Vezes...

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos. E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.

David Mourão-Ferreira

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Desejo


Morde-me com o querer-me que tens nos olhos
Despe-te em sonho ante o sonhares-me vendo-te,
Dá-te vária, dá sonhos de ti própria aos molhos
Ao teu pensar-me querendo-te…

Desfolha sonhos teus de dando-te variamente,
Ó perversa, sobre o êxtase da atenção
Que tu em sonhos dás-me… E o teu sonho de mim é quente
No teu olhar absorto ou em abstracção…

Possue-me-te, seja eu em ti meu spasmo e um rocio
De voluptuosos eus na tua coroa de rainha…
Meu amor será o sair de mim do teu ócio
E eu nunca serei teu, ó apenas-minha?

Fernando Pessoa

domingo, 18 de agosto de 2013

Para perceber...

Pela primeira vez no Urso em Amores, uma contribuição externa. É dos textos mais tocantes que já li. Espero que apreciem.


"Percebe que ela não vai pedir que a leves a passear porque está á espera que o faças de livre vontade.
Ela diz-te que não liga muito a flores? Bem, na verdade o que ela quer dizer é que as flores não são importantes para ela a não ser que sejam dadas por ti. E espera ansiosamente para que tomes essa atitude.
Ela adora quando lhe ligas de madrugada e dizes que queres apenas ouvir a sua voz. Na verdade, ela fica completamente derretida.
Estremece cada vez que lhe dás um beijo no pescoço e sente que a respeitas cada vez que a beijas na testa.
Analisa cuidadosamente cada sinal que tens na face enquanto dormes, e ri-se baixinho quando tens ataques de sonambulismo, para não te acordar.
Ela gosta quando cozinhas para ela, mesmo sabendo que o teu jeito para a culinária é nulo.
Também gosta de andar de mãos dadas, de abraços inesperados e declarações repentinas. Ela quer um homem que a leve a conhecer os pais e gosta quando se sente compreendida.
Sente-se especial quando a tratas por nomes doces e acha piada à tua maneira atrapalhada de dizeres que gostas dela.
Ela já escreveu inúmeras mensagens para ti, mas depois não teve coragem de as enviar. Também já planeou de mil e uma maneiras a melhor forma para dizer o que sente. Mas faltam-lhe as palavras.
Ela ainda escolhe cuidadosamente a roupa que vai vestir no dia que está contigo, e nesse dia acha sempre que nada lhe fica bem.
Cada vez que lhe tocas o seu coração dispara, e ainda treme antes de se encontrar contigo.
Sonha contar estrelas contigo e tem esperança que tentes realizar aquilo que deseja.
Percebe que cada vez que está com ciúmes que não te irá responder com mais de duas palavras e vai tentar ser o mais fria possível. Entende também que apenas uma palavra irá bastar para o seu lado carinhoso voltar.
Sabes, ela adora o sorriso do teu olhar. Mas nunca te o disse.
Também nunca te disse o como adora o som da tua voz quando tens sono, e nunca te vai dizer o quanto odeia que a compares a outras mulheres.
Entende que as tuas mensagens matinais são a energia dela durante o dia, e a tua última mensagem da noite é a motivação que precisa para mergulhar no mundo dos sonhos.
Ela não é a mulher perfeita, mas também não quer ser. Ela também não quer que sejas o homem perfeito. Antes pelo contrário. Ela gosta dos teus defeitos, entende isso.
As palavras que ela nunca te disse são aquelas que o seu coração ainda não está preparado para pronunciar.
Percebe que és a excepção e que a sinceridade das tuas palavras e a doçura do teu coração é o mundo dela. 

E o teu. 
O vosso. 
E o que interessa o resto se o vosso mundo é tão feliz?

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dois Croissants e uma Abelha

Minha querida ursinha:

Ontem foi outra vez um dia muito triste para ti. Outra perda, mais uma, de quem tanta importância tinha para ti.

Perguntaste "Porquê?", e não te soube responder, já que dizer-te "Porque sim, porque a vida é assim" não chega, ainda é curto para ti, precisas de sentidos que a vida não tem.

Hoje deixo-te aqui um bocadinho da história de um livro que o pai leu e gostou muito, onde um casal, Tomás e Tereza,  tinham um cão chamado Karenine.

 

“Karenine detestava as mudanças. Para os cães, o tempo não anda em linha recta, o curso do tempo não é um movimento contínuo sempre a direito, cada vez mais para diante, de uma coisa para a coisa seguinte. Para eles, o tempo descreve um movimento circular como o tempo dos ponteiros do relógio, porque os ponteiros também não andam sempre estupidamente a direito, mas à volta do mostrador, dia após dia, na mesma trajectória”.

“Em Praga, bastava comprarem um sofá ou mudarem uma jarra de flores de sítio para Karenine se indignar. Ficava com o sentido do tempo perturbado. Um pouco como aconteceria aos ponteiros se lhes mudássemos os números do mostrador.

Karenine era uma cão simples e de hábitos, e só exigia comer o seu croissant de manhã, na volta do passeio matinal.

Um dia Karenine morreu. Resolveram enterrá-lo no jardim do parque onde todas as manhãs ia passear.

A sua dona não podia pensar que lhe iam deitar terra por cima do corpo nú. Então foi a casa buscar a coleira, a trela e uma mão cheia de bocadinhos de chocolate, que desde a manhã tinham ficado sobre o chão, intactos. Deitou tudo para dentro da cova. Ao lado, estava um monte de terra fresca. Tereza pegou na pá, e então, lembrou-se dum sonho que tivera e no qual Karenine dava à luz dois croissants e uma abelha. 

Subitamente, estas palavras pareciam-lhe um epitáfio. Pôs-se a imaginar um jazigo entre as macieiras, com a seguinte inscrição: "Aqui jaz Karenine. Deu à luz dois croissants e uma abelha".




segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Deixa Acontecer

Ah, não tente explicar
Nem se desculpar
Nem tente esconder.
Se vem do coração,
Não tem jeito, não,

Deixa acontecer.

O amor é essa força incontida,
Desarruma a cama e a vida,
Nos fere, maltrata e seduz.
É feito uma estrela cadente
Que risca o caminho da gente,
Nos enche de Força e de luz.


Vai debochar da dor
Sem nenhum pudor
Nem medo qualquer.
Ah, sendo por amor,
Seja como for
E o que Deus quiser.


(Toquinho)